domingo, 21 de outubro de 2007

Continua lindo.


Hoje eu fui ao Rio com meus pais, para aprender a chegar na PUC e não me perder no dia do vestibular. Aprendi: durmo na casa da minha tia e pego o 432.
Não importa.
Chegando lá, antes da rodoviária, não tem como não duvidar do título de "cidade maravilhosa". É tanta, mas TANTA pobreza que você se sente mal por ter o que comer. Não precisa procurar muito, é só olhar pela janela (direita) do carro e apreciar a vista, que se fosse composta por favelas estava até boa demais. Tem pessoas excluídas até mesmo pelas favelas, vivendo em casas (casas?) de papelão, com porcos no que seria os quintais. E é nos quintais que eu quero chegar. O mundo é o quintal de quem não tem muro, eu acho. No "quintal" dessas pessoas, um viaduto muito feio, muito sujo e muito cinza que me chamou a atenção pelas pichações. Não são bem pichações, são mais como pinturas. Mas também não são pinturas! São umas coisas escritas, com um Português pra lá de Marraquesh e umas letras meio emboladas que eu me pendurei pra ler e me chamaram a atenção. São mensagens positivas e ensinamentos, em um lugar que precisa de mensagens positivas e ensinamentos. Chegando em casa eu pesquisei no Google, digitando "viaduto rio de janeiro novo rio" e descobri de onde vieram essas mensagens.
Um senhor de São Paulo que morreu em 96, intitulado de Profeta escreveu isso nas colunas do viaduto enquanto morou no Rio. Era uma pessoa muito simples, com pouca educação, mas que se dispôs a fazer alguma coisa que melhorasse não só a paisagem, mas as pessoas que a vêem. Com o tempo o viaduto foi mais e mais pichado e pintado de cinza, escondendo o que estava escrito. Por (minha) sorte, algumas pessoas reclamaram e a prefeitura restauros as pinturas do Profeta. Que bom, porque as palavras confusas e os erros de gramática provocaram em mim um sentimento de "porra, eu quero me mexer!" que fariam Virginia Woolf entrar no rio outra vez, de inveja. A citação mais famosa é "Gentileza gera gentileza", que pode ser encontrada em camisetas que eu adoraria comprar.
Eu queria ter ficado mais tempo e tentado ler tudo direito, mas sabe como é, né? Assalto, um perigo... Imagina se roubam o carro! Aí nós seguimos e fomos pra PUC, planetário, Lagoa... E o Rio de Janeiro continua lindo.

6 comentários:

teko t. van kuyk disse...

o profeta gentileza.
ele tinha familia e tudo, casa e tudo mais.
mas abandonou isso tudo pra 'pregar' sua palavra de gentileza.

faz uma pessoa pensar, né?
meio que um keroac brasileiro.

Anônimo disse...

Já vi algumas vezes esses muros, mas nunca parei pra ler, até porque só passei rapidamente de carro.

Gosto muito do que vc escreve.


Beeeeeeijo!

Anônimo disse...

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Luiz Ribeiro disse...

"aparagaram tudo, pintaram de cinza, a palavra no muro ficou coberta de tinta..."

marisa monte - gentileza

joão p. disse...

acho muito interessante o jeito que as pessoas "exluidas" mesmo da sociedade se expressam e o que chama mais atenção mesmo é o que eles escrevem. Penso eu, um dia fotografar algumas frases assim, mas como voce disse, podemos ser assaltado a qualquer hora.

Anônimo disse...

nem sabia da existência dessas frases. bem legal.
"o mundo é o quintal de quem não tem muro." - gostei muito isso!
adoro o sentimento de "porra, eu quero me mexer", mas ele sempre passa no dia seguinte por não saber por onde começar...
ah, você já disse tudo.