sábado, 27 de outubro de 2007

Make your own flag!


Hoje eu não vou divagar nem nada, vou escrever sobre ontem. Sim, porque ontem foi o show da Bjork (meu teclado não tem trema) no Tim Festival. Não, eu não vou "desconstruir Bjork" nem falar sobre "a relevância do experimentalismo no cenário musical moderno" por dois motivos. O primeiro é que eu não sou nem nunca quis ser crítica musical, o segundo é que isso é uma cretinice, na minha opinião. Vou falar sobre o show que eu assisti ontem, que é o que eu acho que qualquer adolescente não-cretino faria em meu lugar.
Bem, era o Tim Festival na Marina da Glória... Para começar, o lugar é lindo, realmente lindo. A decoração pro festival, as luzes, a vista, tudo. Muito bem estruturado, muito bem organizado e, claro, muito caro, o que no fundo não é ruim - com o copo de cerveja a R$4,50 não tinha sequer um bêbado enchendo o saco.
Na nossa tenda, "Tim Volta", nós entramos umas oito horas, que era a hora marcada pra começar, e estava bem vazia ainda. Fomos para a grade, óbvio, e lá permanecemos. Teve o show da Anthony and the Johnsons, que eu defino com uma palavra: desgraça.
Acabou a tortura e alguns minutos depois as luzer foram apagadas outra vez e entraram algumas mulheres, marchando em fila pelo palco e tocando uns instrumentos de sopro, e elas foram para o canto do palco. Nisso, entra correndo, dançando, pulando, cantando, gritando e mil outros "ando" pelo outro lado do palco ela, A Bjork. Linda, caralho, linda! Cantando Earth Intruders e terminando com um "Obrigado, Rio de Janeiro!" bem simpático. Nisso o Leandro passa mal e vai pra trás e eu e Fred continuamos com nossas barrigas grudadas na grade, claro. O show continuou, muito muito bom, ela com uma presença de palco que eu nunca tinha visto e não imaginava que ela tivesse, com direito a jogar uma teia pelo palco e tudo, e sem ninguém empurrar nem encher o saco na platéia. A última música foi o ponto alto. "Declare Independence", com o tal coro no meio do palco, muito animado... Cara, eu amei esse coro. Dava pra ver que aquelas mulheres gostam muito do que fazer e estavam realmente felizes por estarem lá.
Depois do show nós falamos com uns artistas e tal, coisa de tiete mesmo :) Os que eu mais gostei de ter visto foram o Marcelo Camelo, o Barba, o Lenine, a Fernanda Torres e o Selton Mello.
Enfim, ontem foi ótimo. A única coisa que atrapalhou foi a quantidade de gente super legal e diferente que tinha lá... O pessoal bonito e inteligente (babaca) me irrita.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Sobre o vestibular.


Terceiro ano é um verdadeiro inferno. Se por um lado você adquire um certo respeito por parte dos mais novos e pode até assustar as crianças com a tão almejada camisa do Fera, por outro você não passa dois dias sem ouvir a palavra, a palavra mais temida e odiada por qualquer aluno de terceiro ano: vestibular.

Se eu ganhasse um real para cada vez que ouço "Você não estuda, não se preocupa o suficiente. E se você não passar no vestibular?" pagaria a PUC.

Pois bem, e se eu não passar no vestibular? Vou ficar frustrada, é claro. Vou continuar em casa, sair sexta e sábado, ou seja, vou fazer exatamente o que faço agora e acordar tarde. A pergunta que não que calar é: E se eu passar?

Vai ter toda aquela alegria, né. Morar no Rio, matar aula na praia, conhecer gente nova etc. Mas e aí? Quer dizer, eu não vou conhecer ninguém! E se ninguém gostar de mim? Verdade seja dita, eu não faço amigos há séculos, não lembro como é. E é Cinema, cara. O pessoal de Cinema me parece meio seletivo demais, cult demais, legal demais, interessante e bem vestido demais. Vão me comer viva! E meus amigos, onde entram? Entram em outras faculdades! E eu jogada aos leões indies. E se eles me odiarem quando descobrirem que eu assisto televisão!?

Não é que eu esteja pensando em desistir nem nada, claro que não. Mas dá medo, cara. Tente imaginar uma turma de quarenta Spielbergs te olhando torto!

Assusta, cara.

domingo, 21 de outubro de 2007

Continua lindo.


Hoje eu fui ao Rio com meus pais, para aprender a chegar na PUC e não me perder no dia do vestibular. Aprendi: durmo na casa da minha tia e pego o 432.
Não importa.
Chegando lá, antes da rodoviária, não tem como não duvidar do título de "cidade maravilhosa". É tanta, mas TANTA pobreza que você se sente mal por ter o que comer. Não precisa procurar muito, é só olhar pela janela (direita) do carro e apreciar a vista, que se fosse composta por favelas estava até boa demais. Tem pessoas excluídas até mesmo pelas favelas, vivendo em casas (casas?) de papelão, com porcos no que seria os quintais. E é nos quintais que eu quero chegar. O mundo é o quintal de quem não tem muro, eu acho. No "quintal" dessas pessoas, um viaduto muito feio, muito sujo e muito cinza que me chamou a atenção pelas pichações. Não são bem pichações, são mais como pinturas. Mas também não são pinturas! São umas coisas escritas, com um Português pra lá de Marraquesh e umas letras meio emboladas que eu me pendurei pra ler e me chamaram a atenção. São mensagens positivas e ensinamentos, em um lugar que precisa de mensagens positivas e ensinamentos. Chegando em casa eu pesquisei no Google, digitando "viaduto rio de janeiro novo rio" e descobri de onde vieram essas mensagens.
Um senhor de São Paulo que morreu em 96, intitulado de Profeta escreveu isso nas colunas do viaduto enquanto morou no Rio. Era uma pessoa muito simples, com pouca educação, mas que se dispôs a fazer alguma coisa que melhorasse não só a paisagem, mas as pessoas que a vêem. Com o tempo o viaduto foi mais e mais pichado e pintado de cinza, escondendo o que estava escrito. Por (minha) sorte, algumas pessoas reclamaram e a prefeitura restauros as pinturas do Profeta. Que bom, porque as palavras confusas e os erros de gramática provocaram em mim um sentimento de "porra, eu quero me mexer!" que fariam Virginia Woolf entrar no rio outra vez, de inveja. A citação mais famosa é "Gentileza gera gentileza", que pode ser encontrada em camisetas que eu adoraria comprar.
Eu queria ter ficado mais tempo e tentado ler tudo direito, mas sabe como é, né? Assalto, um perigo... Imagina se roubam o carro! Aí nós seguimos e fomos pra PUC, planetário, Lagoa... E o Rio de Janeiro continua lindo.