quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Pelo menos os meus diretores preferidos estão vivos.

Ultimamente tenho me incomodado muito com a arte de modo geral. Talvez não com a arte, mas com seus apreciadores. Não me excluo desse grupo, eu gosto, acho legal, mas está difícil. No meio em que vivo, principalmente na faculdade, as discussões sobre arte são frequentes, ardentes e ai de mim se confessar que acho Chaplin um chato e que se não fosse por ele talvez não hovesse a turma do Didi (nem o próprio Didi).
Minhas conversas sobre artes se baseiam praticamente em "cala a boca, moleque, Van Gogh é muito mais foda que seu Renoirzinho de merda", "detesto essas pinturas que parecem retratos", "já assistiu Gota D'água?", "não quero que a Amy Wineouse morra...", e por aí vai. Admito, não sou das mais brilhantes.
Acho a maior cretinice me deixarem sentada meia hora olhando um cara bater uma roda na parede. Aplaudi no final, porque deve ter dado muito trabalho fazer a roda. Logo depois veio a palestra que eu estava esperando, da francesa que modificou o próprio corpo e tal. Estava esperando Michael Jackson ou pior, mas entra uma mulher em cuja aparência o mais bizarro era o cabelo(!). Ela fala em francês, eu fico tentando entender o que ela diz; o tradutor fala em português e eu continuo tentando entender o francês dela. Posso dizer que ouvi pouquíssimo e achei até interessante (até), mas preferia uma galeria com fotos dela e um texto (em português) explicando, teria me interessando muito mais. Ao fim da palestra aplaudi educadamente, até o momento fatídico em que alguém (lê-se "algum filho da puta pedante") resolve aplaudir de pé. Nisso a sala inteira levanta e eu relutante levanto também, mas sem aplaudir. Primeiro porque achei que já tinha aplaudido mais que o suficiente, segundo porque odeio aplaudir de pé e repudio o primeiro a levantar aplaudindo com aquele sorriso nojento no rosto, seja ele quem for. Poucas vezes tive vontade de aplaudir de pé. Em Gota D'água e Fitzjam lembro que tive. Em alguns shows também, mas nesses já estava de pé e isso facilitou o processo.
Enfim, continuando no assunto arte e seu admiradores, acabo de assistir (lê-se olhar uma cena ou outra) a um filme do Buñuel. "O" Buñuel. Esqueci o nome, algo relacionado a ouro ou luz. No início do filme uns soldado, parecia que a guerra tinha terminado; voltei a olhar o computador. Minutos depois um besouro é esmagado. Uma vaca em uma sala de estar. "Puta que o pariu" penso eu e me volto novamente ao computador por um bom tempo. Quando olho outra vez uma mulher está chupando o dedão do pé de uma estátua. Desisti, não olhei mais. Bato no peito e digo que prefiro Napoleon Dynamyte e Joe e as Baratas.
O pior é que cansei (e cansei mesmo) de ouvir que o homem era um gênio. Não sei o que há de errado comigo, como eu posso ter achado uma experiência tão desagradável? Como eu posso não gostar de tanta coisa que sou praticamente obrigada a assistir se quiser ter assunto (aliás, continuei sem)?
Acho que é relacionado à minha idade, modo de vida, não sei. Não sei mesmo. Tem umas coisas que gosto, eu juro! Os irmãos Marx são engraçados, eu juro que ri!

É por essas e outras que eu não tenho coragem de fazer teste de QI algum. E nessas rodinhas onde o assunto principal é arte, quando dizem que sou quieta minha vontade é responder "não sou quieta, só não faço idéia do que vocês estão falando.".


Ouvindo: Aqua - Barbie Girl

6 comentários:

teko t. van kuyk disse...

eu costumo gostar das discuçoes de arte, mas eu sempre fui 'esse tipo de pessoa', do tipo que acha o Bruñel bacana (talvez nao um genio).

Anônimo disse...

Buñuel é sem R e com um U entre o N e o E. De resto, nada sei.

jeff disse...

eu também não gosto de chaplin, tu sabe. e meus únicos argumentos são "é chato. não gosto. não tenho prazer em ver." [apesar de gostar muito de 'o grande ditador'. esse é muito bom. mas é o único.]
e nada é mais importante que o prazer em assistir qualquer filme, no caso. é mais importante do que qualquer coisa que o filme possua [tá que tu sente prazer pelo quê o filme é, mas enfim... deu pra entender]. por isso que não acho cidadão kane a maior obra-prima de todos os tempos. é bom? é. mas não me faz sentir muita coisa.

e quando falei que o filme do buñuel era muito bom, me referia a 'o cão andaluz'. é muito surreal. nunca tinha visto coisa como aquilo. 'idade do ouro' é estranho... mas é aquilo. você não assistiu direito, helena. não que faria um sentido o filme, mas merece a atenção necessária.

eu não entendi aquela performance. por isso não aplaudi. performances são estranhas. nunca gosto.

gostei do título do post. também digo o mesmo. e não me sinto "menor" que ninguém por isso. estamos juntos nessa. =)

O Lerdo disse...

Taí, você fez um comentário muito mais inteligente do que os pseudo-intelectuais-que-admiram-qualquer-arte-seja-ela-qual-for conseguiriam fazer.
Cara, às vezes dá nojo ver comentários tão vazios sobre coisas tão vazias quando se tem tanta coisa mais importante pra fazer.

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Jeff, discordo, não acho que o mais importante no cinema seja o fato de ser cinema. E muito menos que certos filmes ou artistas tão falados por aí mereçam realmente atenção (des)necessária.
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Ah, sim, Helena. Talvez seja até melhor pro seu QI ouvir Barbie Girl do que entrar numa discusão qualquer sobre arte.

Luiz Ribeiro disse...

tipo, vc tá certa na maior parte do texto, mas assim, a gente tem q se acostumar a outros ritmos pra entender arte e outras artes, e depois disso olhar pro nosso mundo e pensar em qual ritmo e em qual arte devemos estar...

chaplin é lento, buñuel trabalha com sensações, mas chaves é chaplin e amelie poulin trabalha com sensações.
um antes e um depois...

Maria Erva Doce disse...

Pra falar a verdade, qualquer discussão a respeito de arte é completamente dispensável se você pensar que tem gente morrendo de fome. Simplista? Absolutamente. E, segundo ouvi, arte é filantropia.