Minhas conversas sobre artes se baseiam praticamente em "cala a boca, moleque, Van Gogh é muito mais foda que seu Renoirzinho de merda", "detesto essas pinturas que parecem retratos", "já assistiu Gota D'água?", "não quero que a Amy Wineouse morra...", e por aí vai. Admito, não sou das mais brilhantes.
Acho a maior cretinice me deixarem sentada meia hora olhando um cara bater uma roda na parede. Aplaudi no final, porque deve ter dado muito trabalho fazer a roda. Logo depois veio a palestra que eu estava esperando, da francesa que modificou o próprio corpo e tal. Estava esperando Michael Jackson ou pior, mas entra uma mulher em cuja aparência o mais bizarro era o cabelo(!). Ela fala em francês, eu fico tentando entender o que ela diz; o tradutor fala em português e eu continuo tentando entender o francês dela. Posso dizer que ouvi pouquíssimo e achei até interessante (até), mas preferia uma galeria com fotos dela e um texto (em português) explicando, teria me interessando muito mais. Ao fim da palestra aplaudi educadamente, até o momento fatídico em que alguém (lê-se "algum filho da puta pedante") resolve aplaudir de pé. Nisso a sala inteira levanta e eu relutante levanto também, mas sem aplaudir. Primeiro porque achei que já tinha aplaudido mais que o suficiente, segundo porque odeio aplaudir de pé e repudio o primeiro a levantar aplaudindo com aquele sorriso nojento no rosto, seja ele quem for. Poucas vezes tive vontade de aplaudir de pé. Em Gota D'água e Fitzjam lembro que tive. Em alguns shows também, mas nesses já estava de pé e isso facilitou o processo.
Enfim, continuando no assunto arte e seu admiradores, acabo de assistir (lê-se olhar uma cena ou outra) a um filme do Buñuel. "O" Buñuel. Esqueci o nome, algo relacionado a ouro ou luz. No início do filme uns soldado, parecia que a guerra tinha terminado; voltei a olhar o computador. Minutos depois um besouro é esmagado. Uma vaca em uma sala de estar. "Puta que o pariu" penso eu e me volto novamente ao computador por um bom tempo. Quando olho outra vez uma mulher está chupando o dedão do pé de uma estátua. Desisti, não olhei mais. Bato no peito e digo que prefiro Napoleon Dynamyte e Joe e as Baratas.
O pior é que cansei (e cansei mesmo) de ouvir que o homem era um gênio. Não sei o que há de errado comigo, como eu posso ter achado uma experiência tão desagradável? Como eu posso não gostar de tanta coisa que sou praticamente obrigada a assistir se quiser ter assunto (aliás, continuei sem)?
Acho que é relacionado à minha idade, modo de vida, não sei. Não sei mesmo. Tem umas coisas que gosto, eu juro! Os irmãos Marx são engraçados, eu juro que ri!
É por essas e outras que eu não tenho coragem de fazer teste de QI algum. E nessas rodinhas onde o assunto principal é arte, quando dizem que sou quieta minha vontade é responder "não sou quieta, só não faço idéia do que vocês estão falando.".
Ouvindo: Aqua - Barbie Girl
6 comentários:
eu costumo gostar das discuçoes de arte, mas eu sempre fui 'esse tipo de pessoa', do tipo que acha o Bruñel bacana (talvez nao um genio).
Buñuel é sem R e com um U entre o N e o E. De resto, nada sei.
eu também não gosto de chaplin, tu sabe. e meus únicos argumentos são "é chato. não gosto. não tenho prazer em ver." [apesar de gostar muito de 'o grande ditador'. esse é muito bom. mas é o único.]
e nada é mais importante que o prazer em assistir qualquer filme, no caso. é mais importante do que qualquer coisa que o filme possua [tá que tu sente prazer pelo quê o filme é, mas enfim... deu pra entender]. por isso que não acho cidadão kane a maior obra-prima de todos os tempos. é bom? é. mas não me faz sentir muita coisa.
e quando falei que o filme do buñuel era muito bom, me referia a 'o cão andaluz'. é muito surreal. nunca tinha visto coisa como aquilo. 'idade do ouro' é estranho... mas é aquilo. você não assistiu direito, helena. não que faria um sentido o filme, mas merece a atenção necessária.
eu não entendi aquela performance. por isso não aplaudi. performances são estranhas. nunca gosto.
gostei do título do post. também digo o mesmo. e não me sinto "menor" que ninguém por isso. estamos juntos nessa. =)
Taí, você fez um comentário muito mais inteligente do que os pseudo-intelectuais-que-admiram-qualquer-arte-seja-ela-qual-for conseguiriam fazer.
Cara, às vezes dá nojo ver comentários tão vazios sobre coisas tão vazias quando se tem tanta coisa mais importante pra fazer.
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Jeff, discordo, não acho que o mais importante no cinema seja o fato de ser cinema. E muito menos que certos filmes ou artistas tão falados por aí mereçam realmente atenção (des)necessária.
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Ah, sim, Helena. Talvez seja até melhor pro seu QI ouvir Barbie Girl do que entrar numa discusão qualquer sobre arte.
tipo, vc tá certa na maior parte do texto, mas assim, a gente tem q se acostumar a outros ritmos pra entender arte e outras artes, e depois disso olhar pro nosso mundo e pensar em qual ritmo e em qual arte devemos estar...
chaplin é lento, buñuel trabalha com sensações, mas chaves é chaplin e amelie poulin trabalha com sensações.
um antes e um depois...
Pra falar a verdade, qualquer discussão a respeito de arte é completamente dispensável se você pensar que tem gente morrendo de fome. Simplista? Absolutamente. E, segundo ouvi, arte é filantropia.
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